O capítulo final do Diário de um Palhaço


"Um espetáculo não termina quando se fecham as cortinas, o artista vive diariamente a grande magia de sê-lo" (J.S)


Diário de um palhaço- 3º dia

Hoje foi ultimo e decisivo dia da oficina, o mata moscas esta quase aposentado, mas nossa generala ainda o ergue em alguns momentos, estou mais seguro, ou não, melhor ainda estou mais seguro na minha insegurança, quando o nariz vermelho entra em cena, me desconstruo, me descrio, me sinto uma criança olhando o mundo pela primeira vez, sobre a incrivel perspectiva acima de uma esfera vermelha. Sinceridade, vontade, timidez, medo, felicidade, desconcerto, tudo flui de uma forma mais simples e pura, consigo me diluir cada vez mais. Tutti nasce, em um desfile, inseguro, exitante, poético em seu mundo silêncioso cercado de cometas, histórias em quadrinho e paixões, me emociono ao falar dele, tão eu, mas um eu em estado liquido sem a dureza do ser Artur. Contece um batismo e saimos para o mundo real, tudo é lindo, uma vontade de tocar e acariciar e brincar me domina, tudo é tão colorido e delicioso, os doces, as pimentas até a cachaça do Mercado Municipal me parece diferente, preciso de um nariz melhor por falar nisso, senti muita falta dos cheiros e do respirar profundamente, mas isso posso providenciar com o tempo. Quando tiro o nariz e volto para o mundo solido demoro um tempo para encontrar minha lingua, o silêncio mágico me domina por um tempo a mais. Estar em estado de Clown é se apaixonar a cada instante pelo ser, pelo estar, pelo viver. A despedida será triste, mas tenho certeza de que sempre lembraremos do dia em que nascemos palhaço.

Artur Ayroso




O último dia. E aí que se fecham as cortinas e a magia termina?! Não, pelo contrário, é o dia do nascimento do clown. Simples, mais eu do que eu mesma, graciosa e curiosa com o mundo lá fora. Treinamos diversos números, todos muito tímidos, mas que arrancavam boas gargalhadas!
Nariz colocado, "eu Maria Clowndia, te batizo
Risólis, para alegrar o mundo!", que emocionante. O mata moscas era a espada dos cavaleiros da Távola, fomos ali nomeados os cavaleiros da alegria! Pudemos então descer até o pátio do mercado e conhecer melhor a figura do nosso palhaço, e esse contato foi muito intenso pra mim. As pessoas dão um sorriso sem perceber, afinal aquela figura é emblemática e traz muitas lembranças. Mexe com todos, mexeu muito com meu coração.
Agora o desabrochar de Risólis é comigo, portanto, não estranhem se encontrar por aí uma palhacinha colorida e cheia de charme!


Jamile Salomão

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