“A priori todos acham que a pessoa é heterossexual”


Elisa Chueiri

Foi essa frase ouvi quando entrei, um pouco atrasada, de fato, no anfiteatro do Bloco B, onde estava ocorrendo a mesa “Diversidade sexual na Universidade”, promovida pela Calourada UFU 2011, que trouxe alguns integrantes da ONG “Shama” (Associação Homossexual de Ajuda Mútua) para um debate sobre esse tema tão contemporâneo e, ao mesmo tempo, desconhecido (ou ignorado) por muitos.

A frase do título desse texto pode parecer comum, mas esconde o pressuposto de que a heterossexualidade corresponde à normalidade e, com isso, esconde também o preconceito por parte daqueles que não aceitam outra normalidade. Os palestrantes caracterizaram a sociedade atual como “heteronormativa”, relutante em aceitar a “homonormatividade”.

Outro ponto discutido na mesa foi a diferença de tratamento dado ao homossexual que se assume nas áreas de humanas e exatas da UFU. Foi dito que tal diferença reflete o passado, pois os cursos mais tradicionais, que indicavam “status social”, como Medicina ou Engenharia tem maior dificuldade em aceitar a presença do homossexual. “Nas humanas, com exceção do Direito, os gays são mais facilmente aceitos”, comentaram.

Um detalhe a ser lembrado é o significado do comparecimento de pouco mais de dez pessoas na sala. Enquanto os debatedores expunham a enorme importância da causa homossexual, percebi que muita gente sequer esteve presente para demonstrar interesse, o que dificulta mais ainda a conquista de direitos por parte da comunidade LGBT.

Os integrantes da mesa enfatizaram a importância de mudar a forma como a homossexualidade é representada na mídia, principalmente em programas como o “Zorra Total”, no qual o reforço de estereótipos é forte e conduz à criação de uma imagem errônea e exagerada dos homossexuais pelos telespectadores. Também citaram a “cultura emo”, levantando a questão: “representam um passo a mais na luta pela causa ou uma forma de banalização?”.

Depois, um dos debatedores falou da necessidade de identificação na adolescência, fase em que se percebe a orientação sexual, pois todo jovem precisa de uma referência para se construir e entender que “eu sou gay, mas não sou daquele jeito que é mostrado na TV”, por exemplo.

Por fim, retomaram o tema “Diversidade sexual na Universidade”, com a mensagem para reflexão sobre as diferentes etapas de aceitação da homossexualidade, que começam na construção de valores, passam pela construção do respeito, chegando à normalidade, na qual não há diferenças, e todos são respeitados pelo que são. Terminam com palmas, com referência aos atos de AMAR, para RESPEITAR e, depois, APLAUDIR.

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